Celular dobrável é hype ou futuro?

Lembra quando a ideia de um celular que dobrava parecia algo saído de um filme de ficção científica? Pois é, hoje eles estão nas vitrines das lojas, nos bolsos de influenciadores e nas mesas dos entusiastas de tecnologia. O celular dobrável virou símbolo de inovação. Mas a pergunta que não quer calar é: isso tudo é só hype ou estamos olhando para o futuro definitivo dos smartphones?

A história começa com nostalgia. Os primeiros celulares dobráveis — os famosos “flip phones” — fizeram sucesso no início dos anos 2000. Só que o que temos hoje é muito mais sofisticado: são telas flexíveis de AMOLED, dobradiças com engenharia avançada e softwares otimizados para múltiplos formatos de uso. É uma reinvenção completa da ideia de portabilidade e usabilidade.

Mas será que o consumidor médio precisa disso?

Os argumentos a favor são sedutores. Com um celular dobrável, você tem o melhor dos dois mundos: um dispositivo compacto que vira uma tela grande quando necessário. Quem trabalha com multitarefa, leitura, planilhas, redes sociais, edição de imagem ou vídeo no celular pode se beneficiar muito do formato.

Além disso, há a questão do design. Celulares dobráveis são um espetáculo visual. Eles chamam atenção, transmitem status e mostram que você está “na crista da onda” tecnológica. A experiência de dobrar uma tela de verdade ainda causa um certo deslumbre, mesmo em quem já está acostumado com o mercado tech.

Por outro lado, os desafios são reais — e não são poucos.

Primeiro, o preço. Em agosto de 2025, um celular dobrável no Brasil ainda custa entre R$ 7 mil e R$ 13 mil, dependendo da marca e do modelo. Isso os coloca fora do alcance da maioria da população, restringindo seu público a nichos de alto poder aquisitivo ou fanáticos por tecnologia.

Segundo, a durabilidade. Mesmo com anos de aprimoramento, as telas dobráveis ainda são mais frágeis que as convencionais. Arranhões, marcas na dobra e problemas nas dobradiças continuam sendo relatados, especialmente após 1 ou 2 anos de uso intenso. É como se você estivesse sempre usando o celular com um leve “modo beta” ativado.

Além disso, o peso e a espessura ainda incomodam muita gente. Quando fechados, os modelos tipo “livro” ficam mais grossos que os celulares tradicionais. E alguns deles ainda têm bordas um pouco mais pronunciadas, o que afeta o conforto no bolso e no uso prolongado.

Tem também o fator software. Apesar dos avanços do Android, muitos aplicativos ainda não são otimizados para o uso em tela dupla, modo estendido ou multitarefa real. Isso significa que nem sempre você vai aproveitar todo o potencial da tela maior.

No entanto, há bons sinais. Modelos como o Galaxy Z Fold 6, o Xiaomi Mix Fold 3 e o Motorola Razr 50 Ultra já mostram maturidade em termos de design, bateria e fluidez. A integração com canetas stylus, teclados Bluetooth e hubs de produtividade fazem desses aparelhos verdadeiras estações de trabalho de bolso.

E mais: o movimento não é apenas das marcas. Google e Samsung têm trabalhado juntos para adaptar o Android a esses formatos, e desenvolvedores independentes começam a explorar novas experiências de interface para celulares dobráveis.

Outro fator importante é que a própria lógica de consumo está mudando. Cada vez mais, as pessoas querem dispositivos que unifiquem várias funções: telefone, tablet, notebook, controle remoto, centro de mídia, câmera profissional… E os dobráveis são uma tentativa ousada de atender a essa demanda.

Mas o futuro mesmo talvez esteja no meio-termo: os slidables, os enroláveis e os híbridos dobrável/enrolável. Já há protótipos de telas que se expandem lateralmente ou se desenrolam como uma persiana eletrônica. E, em um futuro não muito distante, é possível que esses formatos se tornem até mais práticos que os atuais dobráveis.

No fim das contas, o celular dobrável é sim uma amostra de futuro. Talvez não seja o futuro definitivo, mas é um caminho legítimo dentro da evolução dos dispositivos móveis. Como toda tecnologia emergente, ele ainda está se consolidando. Mas já deixou de ser apenas um “brinquedo caro”.

Se você é um usuário intenso, precisa de produtividade móvel, ama design e não se importa em investir pesado, o dobrável pode ser uma boa. Se você é mais básico ou quer o melhor custo-benefício, vale esperar mais um ou dois anos — os preços vão cair, os apps vão melhorar e as inovações vão se multiplicar.

Afinal, no mundo da tecnologia, o hype sempre passa. O que fica é aquilo que resolve problemas reais e melhora sua experiência no dia a dia. E, nesse sentido, os celulares dobráveis estão cada vez mais perto de justificar seu espaço no futuro dos smartphones.

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